28 de junho de 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE TRABALHO

Todos nós exercemos diversas atividades no grupo social a que pertencemos.
Atividade 2 (p. 18) do TP3


O trabalho tem sido, ao longo da história, uma forma de sobrevivência, uma maneira de alcançar um futuro melhor, uma necessidade social, uma ação que integra o indivíduo à sociedade. Não é uma atividade necessariamente remunerada, como é o caso dos voluntários, das donas de casa e dos estudantes. Normalmente, as atividades consideradas trabalho no sentido estrito são aquelas que exigem maior esforço e que os profissionais recebem melhores salários. O que se faz por escolha própria ou por prazer, sem receber remuneração, para algumas pessoas pode não se caracterizar como trabalho. Os tipos de trabalho mais valorizados em minha comunidade têm relação com a escolaridade, são as atividades ligadas à educação, saúde, segurança, enquanto que os menos valorizados estão dissociados da cultura escrita, são as atividades de trabalho braçal. No cenário nacional também existe essa relação entre a valorização de determinados tipos de trabalho e a cultura escrita. Tanto que pesquisas recentes divulgadas na mídia comprovam que a baixa escolaridade está diretamente vinculada ao desemprego,`a inserção no mercado de trabalho e à desigualdade social. Penso que o sistema em que nossa sociedade está organizada deveria ser como o das formigas, que embora estejam divididas em castas, não há discriminação quanto ao tipo de atividade que exercem. O mesmo deveria acontecer em nosso meio, para que todos entendessem que não importa o trabalho que cada um faz, todos são importantes para a coletividade.

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A CIGARRA E AS FORMIGAS (A FORMIGA BOA) (Monteiro Lobato)

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. - Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...A formiga olhou-a de alto a baixo. - E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. - Eu cantava, bem sabe... - Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? - Isso mesmo, era eu...Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.


A CIGARRA E AS FORMIGAS – A FORMIGA MÁ

Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com o seu cruel manto de gelo. A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou _ emprestado, notem! _ uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse. Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.- Que fazia você durante o bom tempo? - Eu... eu cantava!... - Cantava? Pois dance agora... - e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a cigarra ali morreu esticadinha; e quando voltou a primavera o mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usuária morresse, quem daria pela falta dela?

Os artistas _ poetas, pintores e músicos _ são as cigarras da humanidade.


A CIGARRA E A FORMIGA (La Fontaine)

A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
-Antes de agosto chegar,
pode estar certa a Senhora:
pago com juros, sem mora.
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
Que fizeste até outro dia?
perguntou à imprevidente.
-Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza.
-Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora...


SEM BARRA (José Paulo Paes)

Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro. A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga. Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga

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